Ultrassonografia Cervical: Guidelines Europeu vs. Consenso
Brasileiro para procedimentos utilizados durante o Follow-up do Câncer de Tireoide
Durante
o Follow-up, a USG cervical deve ser
interpretada juntamente com a dosagem de tireoglobulina sérica (TG). Estudos
apontam que, dificilmente, um paciente com TG < 0.15-0.27 ng/mL (usando
L-T4) ou TG ≤ 1.4 ng/mL (estimulada com TSH recombinante ou Hipotireoidismo
endógeno) irá apresentar doença residual
(metástases cervicais) na USG. USG é
considerado o melhor método para avaliação de LN cervicais. Exame citológico do
material obtido por PAAF e dosagem da TG no aspirado são sempre recomendados em
caso de Linfonodos (LN) suspeito. No entanto, até 10-20% dos pacientes com TG
negativa podem ter metástases em LN cervicais, principalmente nos subtipos
histológicos mais agressivos. O Tireoide
OnLine expõe quais as atuais recomendações de USG cervical/PAAF durante o
follow-up do paciente com Câncer de Tireoide já submetido ao tratamento inicial
com cirurgia.
1) Após a tireoidectomia total e antes da
Ablação com Radioiodo (1-3 meses após cirurgia): a) se o câncer foi descoberto
acidentalmente em cirurgia de tireoide realizada para bócio ou outro motivo; b)
se o USG pré-operatório nunca foi realizado; c) TG pré-ablação com radioiodo muito
alta.
2) 3 meses após Radioiodo em tumores pT4
com extensão extra-tireoidiana (esôfago, traquéia, etc). Outras técnicas como TC, Ressonância
Magnética e PET-scan podem ser usados. É essencial fazer USG cervical nestes
pacientes.
3)
6-12 meses após cirurgia: Esta é a avaliação mais importante de
todo follow-up, permitindo análise
crítica da eficácia do tratamento inicial realizado. Neste momento, USG é
obrigatória para todos os pacientes, independente do grau de risco. Ainda, de
acordo com o novo Consenso Brasileiro publicado em 2013 (Arq Bras Endocrinol
Metab. 2013;57/4), entre 9-12 meses após a ablação devemos realizar uma TG
estimulada ou dosagem de TG ultrassensível (sensibilidade ≤ 0.2 ng/mL), mesmo
nos pacientes que possuem, aos 6 meses,
uma TG ≤ 1 ng/ML (usando L-T4),
Anticorpo anti-TG e USG cervical negativos. Para a estimulação da TG, admnistra-se
1 ampola do TSH recombinante (0.9 mg), por via intramuscular, por dois dias
consecutivos, com dosagem de TG 72 horas após a segunda ampola.
4) 1-5 anos de Follow-up: A recomendação do Consenso Brasileiro
foi realizar rotineiramente USG cervical anual para pacientes de risco
intermediário/alto, sendo opcional, ou realizar USG em intervalos maiores, nos pacientes
com risco baixo. Já os Guidelines
europeus não recomendam USG cervical para pacientes com risco baixo ou muito
baixo, que apresentaram TG indetectável (e anticorpo anti-TG negativo) na
estratificação de risco realizada com 6-12 meses de follow-up.
5) Após 5 anos de Follow-up: Os Guidelines
europeus não recomendam USG cervical para pacientes de baixo/muito baixo
risco que tiveram o follow-up inicial
negativo. Uma USG cervical final ainda pode ser realizada no 5º-7º ano de follow-up, acompanhada de TG sérica
ultrassensível. Para os pacientes de alto risco, recomenda-se uma segunda
estratificação de risco no 5º ano pós-operatório. USG cervical e TG estimulada
podem ser realizadas anualmente nestes pacientes. De acordo com o consenso
brasileiro, a necessidade de nova estimulação da TG em pacientes que permanecem
com TG (usando L-T4), AATG e USG negativos é muito duvidosa e deve ser,
preferencialmente, postergada para > 5 anos da primeira TG estimulada
negativa.
O Tireoide
OnLine ainda apresentará as principais indicações de PAAF e dosagem in situ de marcadores biológicos, além
de novidades sobre técnicas pré-operatórias para localização de metástases e novos
tratamentos alternativos para o manejo de metástases cervicais.